A Papoula Elisa

          Era uma papoula. Uma papoula rosa. Morava em um jardim. Sua dona era uma garota de uns quinze anos. Seu físico não importa nessa história, mas dizem que era bela. Muito bela. Todos os dias visitava seu jardim florido e, apesar de amar todas as suas flores, a papoula rosa era a mais especial porque com ela podia conversar. Não que a papoula lhe respondesse, mas a menina sentia como se Elisa, a papoula, pudesse lhe entender. Talvez não fosse assim, mas seu coraçãozinho dizia que era.
          Elisa já se acostumara com a menina indo lhe visitar diariamente. Nem imaginava como seria se sua amiga um dia não viesse. Elisa amava a bela garota, que até nome lhe dera. Vivia por ela, pois, se não fosse pela menina, talvez já nem estivesse viva. Sua amiga podia cuidar dela e de si própria. Mas Elisa não. Não podia cuidar de si sozinha e muito menos da querida amiga.
          Mas um dia aconteceu que a bela garota de cabelos louros não apareceu. Elisa ficou triste. Apenas triste, não mais que isso. No outro dia ela viria, com certeza. Não veio. Passaram-se os dias e ela não veio. Não vinha mais. Elisa ficava cada vez mais triste. Ansiava por informações, mas era uma papoula, o que poderia ela fazer? Podia apenas continuar no seu lugar esperando. Apenas isto. Nada mais.
          Depois de algum tempo Elisa viu os pais de sua bela amiga irem embora. Mas ela não estava com eles. Ela já não estava com eles desde o dia que não veio lhe visitar. Onde está a menina? Onde está a amiga de Elisa? É o que ela passou a imaginar desde que os pais de sua amiga foram embora. Nunca mais voltaram. Ninguém nunca mais voltou.
          Passaram-se os anos. Elisa foi aos poucos morrendo. Mais de saudade do que de qualquer outra coisa. Ela já sabia que sua amiga jamais voltaria. E, como se algo lhe tivesse dito, soube que a bela garota de cabelos louros estava morta há muito tempo.

Lobs