Quem tarde cavalga floresta adentro,
Nas trevas da noite, no frio e no vento?
É o pai angustiado, seu filho no braço.
Seguro, agasalha-o no quente regaço.
- Filho, por que escondes o rosto com medo?
Não vês, ó meu pai, lá, entre o arvoredo,
O Rei da Floresta, de manto e coroa?
- Meu filho, é apenas neblina que voa.
"Vem, linda criança, vem, fica comigo!
Brinquedos e jogos e u farei contigo.
Mil flores formosas florescem aqui,
Roupagens de ouro eu tenho pra ti!"
- Meu pai, tu não ouves, meu pai, tenho medo,
O Rei da Floresta me chama em segredo!
- Sossega, meu filho, é apenas a aragem,
É o vento que sopra e agita a folhagem!
"Vem, vem meu menino, vem cá, vem a mim!
Minha filhas te esperam aqui!
As filhas que vão te embalar e ninar,
Cantando e dançando, histórias contar!
- Meu pai, ó meu pai, no escuro, olha ali!
As filhas do Rei da Floresta - eu as vi!
Meu filho, não temas, eu vejo também:
São vultos de velhos salgueiros, além!
"Me agradas, menino, eu te quero pra mim,
Se não vens por bem, levo-te mesmo assim!"
- Meu pai, ó meu pai, ele toca-me agora!
O Rei da Floresta quer levar-me embora!
O pai estremece, cavalga apressado,
Estreita a criança no braço gelado,
Por fim chega em casa, ele alcança a porta
-
Nos braços do pai a criança está morta.
-Fim-
Goethe