sábado, 2 de março de 2013

O Rei da Floresta

Quem tarde cavalga floresta adentro, 
Nas trevas da noite, no frio e no vento? 
É o pai angustiado, seu filho no braço. 
Seguro, agasalha-o no quente regaço.

- Filho, por que escondes o rosto com medo? 
Não vês, ó meu pai, lá, entre o arvoredo, 
O Rei da Floresta, de manto e coroa? 
- Meu filho, é apenas neblina que voa.

"Vem, linda criança, vem, fica comigo! 
 Brinquedos e jogos e u farei contigo. 
 Mil flores formosas florescem aqui, 
 Roupagens de ouro eu tenho pra ti!"

- Meu pai, tu não ouves, meu pai, tenho medo, 
 O Rei da Floresta me chama em segredo! 
 - Sossega, meu filho, é apenas a aragem, 
 É o vento que sopra e agita a folhagem!

"Vem, vem meu menino, vem cá, vem a mim!
 Minha filhas te esperam aqui! 
 As filhas que vão te embalar e ninar, 
 Cantando e dançando, histórias contar!

- Meu pai, ó meu pai, no escuro, olha ali! 
 As filhas do Rei da Floresta - eu as vi! 
 Meu filho, não temas, eu vejo também: 
 São vultos de velhos salgueiros, além! 
"Me agradas, menino, eu te quero pra mim, 
 Se não vens por bem, levo-te mesmo assim!" 
 - Meu pai, ó meu pai, ele toca-me agora! 
 O Rei da Floresta quer levar-me embora!

O pai estremece, cavalga apressado, 
Estreita a criança no braço gelado, 
Por fim chega em casa, ele alcança a porta 
- Nos braços do pai a criança está morta.
-Fim-

Goethe